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A Linha da Casa da Bomba

['A Linha da Casa da Bomba]

Passados quase 10 anos desde a primeira descoberta de indícios da linha da casa da bomba, minha memória pode estar me traindo quando começo a escrever sobre as várias descobertas de trechos desta linha.

 

A primeira informação sobre a Linha da Casa da Bomba, foi passada pelo saudoso amigo Sr. José Rocha de Barros (Seu Zezinho como era conhecido e já falecido), por várias vezes citado nos relatos de minhas memórias sobre os Mananciais da Serra.

 

A indicação mais importante passada por Seu Zezinho foi quando em 2010 lhe mostrei fotos do local onde está instalada a Chaminé de Equilíbrio.

 

Além de me explicar qual a serventia daquela estrutura “estranha” (para melhor entendimento sugiro acessar o acervo de fotos Adutora de Curitiba – Chaminé de Equilíbrio), ainda me indicou que a água bombeada da Casa da Bomba, era aduzida naquele ponto, ou seja, a linha da Casa da Bomba terminava na torre da chaminé.

 

No ano de 2011 fiz várias tentativas de encontrar uma cachoeira do rio do Carvalho. Esta cachoeira era muito citada pelo Seu Zezinho e seus filhos (Dirso, Osmair e Adir). Em Fevereiro do mesmo ano, fazendo uma caminhada pela “trilha da pauada” encontrei outro caminho a esquerda da trilha, no sentido para o rio do Carvalho. Depois de quinze minutos de seguindo por esse novo caminho, cheguei até as margens da represa do Cayuguava.

Embora pudesse ouvir o barulho da água não consegui seguir até a cachoeira. Mas descobri três estruturas em granito que serviram de base para colocação de canos da adutora.

Na década dos anos 80, em caminhada por aquelas paragens, mais especificamente onde estão as bases de granito nas margens da barragem, lembro de ter encontrado uma linha de encanamento ainda instalado nessas bases. Em algum momento deste período até minha descoberta em 2011, os encanamentos foram retirados e cujo destino não é possível saber.

Em julho de 2011, em outra caminhada na mesma trilha da pauada, descobri uma depressão em um barranco a esquerda da trilha, nas proximidades do rio do Carvalho. Segui por essa depressão, que na verdade era uma vala em linha reta, cavada para permitir a colocação da linha adutora. Como a frente o terreno apresenta um declive, a vala sumiu. Com ajuda de minha bússola marquei um azimute tentando seguir a linha da vala.

Vale ressaltar que esta direção que estava seguindo era à mesma das estruturas de granito encontradas em Fevereiro de 2011. Mas ainda não sabia disso. Seguindo mais adiante, encontrei três bases ou quadrados de mais ou menos 60 x 60 centímetros em alvenaria de tijolos. De altura variável de acordo com sua instalação, a maior estava no fundo do pequeno vale, mas havia desmoronado.

Como a subida do lado oposto deste vale era um pouco íngreme e com a vegetação bem cerrada, decidi tentar a junção destas duas linhas descobertas (da margem da barragem com a da trilha da pauada), a partir das estruturas de granito encontradas na barragem.

Fiz esta tentativa no mês de Julho de 2011, voltando à margem da barragem e seguindo para no sentido da trilha da pauada. Além das três bases descobertas em Fevereiro, encontrei mais duas também em granito e mais uma em tijolos, conseguindo efetuar a ligação entre as duas linhas que havia descoberto anteriormente.

Em Maio de 2014 no período em que estava pesquisando sobre o local de plantação dos moradores da Vila Operária (descrito deste site em Histórias e Estórias como “A Roça do Seu Zé”), em uma caminhada pela trilha da roça acabei ouvindo som distante de água, que imaginei ser de uma cachoeira.

Na época também já tinha ouvido do Seu Zezinho e de seus filhos sobre a existência de uma grande cachoeira no rio “Jardim”, como era mencionado o rio do Carvalho.

Imaginando que o som era desta cachoeira, deixei a trilha, adentrando a mata e tentando chegar até fonte do som de água. Mais ou menos no meio desta caminhada encontrei uma vala que cortava a mata,. Não era profunda, mas pela linha reta nos dois sentidos como uma “trilha” era evidente ter sido aberta no passado. Encontrei ainda manilhas do tipo usada no esgotamento sanitário de casas, mas não entendi qual seria a utilidade naquela localização. Era o local onde no passado a linha da Casa da Bomba havia sido assentada.

Em Outubro de 2014 em caminhada exploratória pelo leito do Ribeirão do Salto, seguindo o curso de água a partir de onde a Adutora de Curitiba cruza esse ribeirão, encontrei duas torres de sustentação de adutora: uma de granito erigida na margem esquerda do rio e outra na margem direita, de tijolos. Parte da base de tijolos tinha desmoronado, estando um grande bloco, dentro do leito do rio. Naquela oportunidade não entendi o que seria aquela construção naquele ponto tão afastado da Adutora de Curitiba ou do Reservatório do Carvalho. Mais tarde descobri serem estruturas de base da linha da Casa da Bomba.

Agora só faltava ligar os pontos descobertos a partir de 2011 até 2014. Fiz isso em Setembro de 2015, partindo das margens da Barragem do Cayuguava ou Piraquara I na Casa da Bomba até a chegada na Chaminé de Equilíbrio.

Nessa caminhada acabei descobrindo a única peça remanescente do encanamento original da adutora de elevação das águas do rio Cayuguava, deixada na mata quando da retirada os encanamentos.

Em Julho de 2020 após o nível das águas da barragem terem baixado devido à severa seca, mais uma base de tijolo foi encontrada, no sentido para a Casa da Bomba. Minhas pesquisas totalizaram 17 bases remanescentes da construção da a linha de elevação da Casa da Bomba.

Estas são as coordenadas de onde estão localizadas cada uma das bases de granito e de tijolos.

Base 1 - S 25°29'06'' W 48°59'45'' - Altitude: 928 metros;

Base 2 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 925 metros;

Base 3 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 924 metros;

Base 4 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 932 metros;

Base 5 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 931 metros;

Base 6 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 928 metros;

Base 7 - S 25°29'07'' W 48°59'44'' - Altitude: 925 metros;

Base 8 - S 25°29'09'' W 48°59'42'' - Altitude: 947 metros;

Base 9 - S 25°29'09'' W 48°59'42'' - Altitude: 945 metros;

Base 10 -  S 25°29'11'' W 48°59'43'' - Altitude: 947 metros;

Base 11 - S 25°29'11'' W 48°59'40'' - Altitude: 951 metros;

Base 12 - S 25°29'11'' W 48°59'40'' - Altitude: 955 metros;

Base 13 - S 25°29'12'' W 48°59'40'' - Altitude: 957 metros;

Base 14 - S 25°29'12'' W 48°59'40'' - Altitude: 962 metros;

Base 15 - S 25°29'33'' W 48°59'19'' - Altitude: 963 metros;

Base 16 - S 25°29'33'' W 48°59'19'' - Altitude: 963 metros.

Base 17 - S 25°29'02'' W 48°59'49'' - Altitude: 909 metros.

 

Na foto, uma reprodução do mapa de 1929 onde está delineada a Linha de Reforço da Casa da Bomba em lilás. A linha verde representa a Adutora de Curitiba O mapa foi sobreposto em uma imagem do Google para representar a situação da época da construção dessa adutora em 1925, com a configuração atual da região.

 

Piraquara, 09 de Agosto de 2020.