No relatório do Governo da Provincia deste ano, constam duas prorrogações para entrega do estudo iniciado em 1880: de 6 meses e mais uma dilação de prazo de mais 1 ano.
Em 16 de Fevereiro deste ano, foi lançado a minuta de estudos para indicação de local para captação de águas.
Nesta época, além de algumas nascentes no centro da cidade, a água era fornecida pelos Aguadeiros ou Pipeiros, que comercializavam o precioso líquido.
1881Em relatório do Governo da Provincia, consta a indicação do local da captação de água:
"... O manancial escolhido será captado a pequena distância do túnel da Roça Nova, no kilometro 80 da E. de Ferro Paranagua a Curityba..."
Em 13 de Abril deste ano, foi assinado contrato para construção da Rede de Esgotos e de Abastecimento de Água de Curityba, com os engenheiros Alvaro de Menezes e Octaviano Augusto Machado de Oliveira.
Início das seguintes Obras nos Mananciais: Construção de 3km estradas até os tanques de captação; Construção de Pontes e Aterros; Levantamento Topográfico; Construção do Pavilhão de Residência do Engenheiro; Armazem para Cooperativa; Rancho para os Operários.
1904Cimento para as Obras
Consta nos documentos antigos, citações da chegada de cimento para as obras de alvenaria. O cimento na época era acondicionado em barricas de madeira. Na foto da caixa do Cayuguava de 1907, é possivel ver algumas dessas barricas ao lado das obras. De Paranaguá, as barricas seguiam de trem a vapor até a estação de Roça Nova e dali, de carroça até os Mananciais da Serra.
03/04/1905
... Para a Empreza de Saneamento chegaram em Paranaguá, vindas de Hamburgo, 4.000 barricas de cimento.
07/12/1905
...Chegou hotem à Paranaguá o vapor alemão “FILLYRUS”, com 4.000 barricas de cimento, destinadas à Empreza de Saneamento d’esta capital.
1905Em jornais de 1906, foram encontrados registros da instalação de uma linha telefônica entre Curitiba e Roça Nova, nos Mananciais da Serra, podendo ser o primeiro telefone a funcionar em Piraquara.
"...23/01/1906 - Inaugurou-se hoje a linha telephonica mandada construir pela Empreza de Saneamento para ligar a capital com a estação da mesma empreza, no alto da serra, onde estão sendo feitos os serviços de repreza das aguas. Essa linha ficou com 39 kilometros de extensão, fuccionando, porem, com a máxima perfeição a ponto de se poder reconhecer a voz de quem responde no apparelho.
Conquanto seja essa linha de propriedade da empreza de Saneamento, além dos benefícios que traz a ella, muitos também traz ao publico que fica assim com ligação telephonica para Piraquara e outros pontos circunvizinhos. A linha está construída com muita solidez, recomendando desse modo a empreza telephonica, que nesse serviço muito se dedicou."
Neste Ano também foram concluídas as obras do Reservatório do Carvalho e Caixa do Braço do Carvalho.
1906Em Junho deste ano, engenheiros visitaram os Mananciais da Serra. Na foto é possível ver a Caixa do Braço do Carvalho já concluída, com pontilhão de madeira sobre o rio do Carvalho.
No relatório do Governo da Provincia deste ano, consta a realização de obras de redução da altura do vertedouro em 2,60mts, em virtude de problemas estruturais nas paredes laterais do reservatório. Atualmente ainda é possível ver uma “marca” na parede esquerda do reservatório, indicando a altura que a água alcançava.
Entram em operação as Caixas do Mico e Tangará.
Em Dezembro, é rescindido o contrato firmado em 1904 com os engenheiros Alvaro de Menezes e O. A. Machado de Oliveira, após várias prorrogações sendo por fim abandonados os trabalhos por dificuldades financeiras da empresa.
Também em Dezembro, é elaborado novo contrato com a Empresa Paulista de Melhoramentos representada pelo Engenheiro Augusto Ferreira Lemos, para a conclusão dos serviços de água e esgotos, para conservação e exploração destes serviços.
1907No dia 21 de Agosto deste ano, a água chega ao Reservatório do Alto do São Francisco em Curitiba, através de linha adutora com 32 quilômetros de extensão. Conforme relato encontrado em livro de 1920 do Engenheiro Francisco Saturnino Rodrigues de Britto, a cota no tubo de saída no Carvalho é de 1.006,30 metros e a cota de chegada em Curitiba é de 944,30 metros, ou seja, uma diferença de nível de apenas 62 metros.
Também neste ano entram em operação as Caixas de captação do Cayguava, Carambola e Urú.
1908
Citação no Jornal A REPUBLICA, na edição de Abril de 1909, sobre a primeira ligação de agua e esgotos na Capital: “A casa que primeiro vai gosar as vantagens do abastecimento de agua e serviço de esgotos é a Pharmacia Stellfeld, onde desde hoje fuccionam taes serviços de urgente necessidade para a vida domiciliaria."
Início da construção da Caixa do Carvalhinho no Rio Braço do Carvalho, em razão das águas do rio estarem se infiltrando nas paredes do Reservatório do Carvalho.
Início de operação da Caixa do Salto. A linha de captação desta caixa foi ligada diretamente na Adutora de Curitiba.
1909Na edição de 25/12/1910 do jornal Diario da Tarde, a citação para construção de nova repreza no rio Cayguava.
Construção da Vala Empedrada nas proximidades da Caixa do Cayguava, para vazão das aguas das chuvas.
Construção das Caixas de Areia nos rios Carvalho, Mico e Cayguava, à montante das caixas de captação.
1910Citações em jornais de 1912, sobre espécie de vermes que saiam das torneiras das residências, em Curitiba:
"...Por diversas vezes temos exposto em nossa vitrina os animaluculos que são apanhados com a agua que abastece a população. Pode ser que não se trate de um verme nocivo à saúde, mas também pode succeder que essa espécie de cobra cabello deponha na agua óvulos ou germens que ingeridos tornem-se parasitas do organismo humano."
1912
Em jornais de 1913, encontramos descrições de casas construídas nas proximidades do Reservatório do Carvalho, onde hoje esta “casa do cloro”:
“As 9 horas da manhã apeávamos deante do chalet onde mora o sr. Cyriaco Moreira, que toma conta do serviço de conservação e de manobras das represas.
Aquelle edifício, construído em madeira foi transportado desta capital para ali depois de servir na exposição do cincoentenario. Acha-se assentado numa elevação, ao sopé dum morro, ligando-se à parte baixa por tosca mas elegante escadaria. Do chalet desdobra-se estupendo panorama serrano com valles e píncaros cobertos de viçosos mattagaes.”
1913Construção de nova caixa no Rio Cayguava, a montante da caixa existente. A Caixa do Cayguava (Velha) é abandonada devido a descoberta de lago lodoso logo acima da represa, o que tornava a água impura para o consumo.
Construção de Aqueduto de Pedra/Granito para captação das águas da nova Caixa do Cayguava.
1919
Entram em operação as captações nos rios Ipiranguinha, Ipiranga e Sanga do Bode.
1920Contratação do Engenheiro Civil Francisco Saturnino Rodrigues de Brito para elaboração de projeto de remodelação e ampliação dos serviços de água e esgotos de Curitiba. Entre outros pontos, os estudos do engenheiro destacam: ..."elevação na cota 988 de águas do Cayguava, que, em medição feita na estiagem, deu 10.000 metros cubicos em 24 horas..."
1921Em relatório de Dezembro deste ano, relativo ao biênio de 1923 e 1924, consta o seguinte relato: "...encontra-se o Governo apparelhado com todo o material necessario para a elevação mechanica das aguas do rio Cayuguava. Acham-se no logar proprio, na barra do rio Carvalho, a machina a vapor de 20 H.P., a bomba centrifuga Sulzer que deverá elevar 50 litros d'agua por segundo e os tubos de aço Mannesman para a nova linha de recalque, cuja construcção está sendo activada..."
Em outra citação encontramos: "... foi extinta a Secção de Agua e Esgotos, creando-se em substituição, a actual Diretoria dos Serviços de Agua e Esgotos..."
Em um documento de 1935, consta que a Máquina a Vapor foi cedida por empréstimo pela Estrada de Ferro do Paraná, fato ainda sujeito a confirmação.
1924Concluida a construção da Casa da Bomba nas proximidades da saída do túnel de Roça Nova, para elevação das águas captadas do Rio Cayguava a 90 metros até a Adutora de Curitiba, em ponto a jusante do Reservatório do Carvalho.
Para a elevação mecânica da água, foi instalada uma Maquina a Vapor (locomovel) ASSMANN & STOCKDER de 97-139 HP e que acionava uma bomba centrífuga SULZER com capacidade de 50 litros por segundo. A extensão da linha de recalque era de 2.540 metros, com tubos Mannesmann de 300mm de diâmetro.
Em relatório de 1925, também consta a seguinte citação: "...ficou egualmente concluida a construcção da estrada de serviço, ao longo da linha adductora, dando facil acesso ao trecho referido e reduzindo a distancia desta Capital as captações...". Esta estrada posteriormente ficou conhecida como Estrada do Encanamento, ligando Curitiba a Piraquara - atualmente denominada como Rodovia João Leopoldo Jacomel - PR 415.
1925Em mensagem do Governo do Estado de 1933 encontramos: "...construção de cinco casas de madeira nos Mananciais da Serra para os operários e suas respctivas famílias, com a area de 82 metros quadrados, cada uma, e dotadas de instalações sanitarias apropriadas, descarregando o esgoto em fossas scepticas, de modo a não ser prejudicada a salubridade dos mananciaes. Junto a Vila Operaria, foi construida uma casa escolar, calculando-se a sua frequencia em 40 alumnos, approximadamente, de ambos os sexos..."
1933Em relatório de 1935 constam a realização de várias obras na serra:
Reforma e ampliação da Casa da Bomba com a troca da Maquina a Vapor e da Bomba Centrifuga de recalque. Foi instalado um Locomóvel Henschel de 110-140HP.
Construção de uma Chaminé em alvenaria, com 30 metros de altura. Construção de uma barragem a jusante da estação elevatória.
Construção de um barracão de madeira junto a Vila Operária, medindo 10,00 x 12,00 metros a servir de depósito dos materiais e ferramentas empregadas na conservação dos mananciais e estradas.
O Zelador ou Feitor dos Mananciais passa a residir em uma das casas próximas ao Reservatório do Carvalho.
1935Assentamento da segunda e terceira Linha Adutora, que passam a fazer a captação a partir do Rio Piraquara no ponto onde funciona atualmente a Academia do Corpo de Bombeiros, na Rodovia João Leopoldo Jacomel - PR 415.
Com o início de operação destas adutoras, a Casa da Bomba é desativada, pois o volume de água captado no Rio Piraquara era superior a quantidade recalcada do Rio Cayguava.
1947Em mensagem do Governador do Estado em 1957 consta: ...”No sentido de atender às necessidades da população na parte que diz respeito ao serviço de abastecimento dagua, está o Departamento de Água e Esgotos concluindo os estudos para construção de uma barragem de acumulação, nos terrenos dos Mananciais da Serra e que se destinará a regularizar o atual rio que abastece a cidade.”
1957Jardim Botânico Paiquerê
Através do Decreto Estadual 4619/67 de 30 de março de 1967, o Governador Paulo Pimentel, atendendo a demanda do ex-deputado, médico e orquidófilo Edwino Donato Tempski; e de campanha em pról da criação de um jardim botânico realizada pelo jornal Gazeta do Povo, institui o Jardim Botânico do Paraná, o qual seria implantado na área dos Mananciais da Serra, em Piraquara.
Mais tarde em abril do mesmo ano, por iniciativa dos naturalistas do Instituto de Defesa do Patrimônio Natural do Paraná, passou a ser denominado como Jardim Botânico "Paiquerê".
Infelizmente para o município de Piraquara, esse projeto não saiu do papel.
1967Caixa do Cayguava -Velha
No mês de Agosto de 2012 realizei a maior descoberta nas matas dos Mananciais da Serra. A localização da construção denominada com o Caixa do Cayguava Velha, só foi possível graças as preciosas informações do Sr. José Rocha de Barros, (Seu Zezinho), antigo funcionário dos mananciais.
A construção da Caixa do Cayguava começou em 1906. Na época, o Rio Cayguava era o rio mais caudaloso dos Mananciais.
A Caixa do Cayguava passou a ser denominada como "Velha" após ter sido desativada em 1918, com a construção de nova represa no rio Cayguava, a montante da antiga caixa.
É a maior das represas do conjunto construído nos Mananciais e seu desenho é na forma de trapézio retângulo, com um dos lados maior que o outro (o lado esquerdo de quem está olhando a represa do vertedouro para a entrada da água na caixa).
A estrutura ficou “perdida” na mata por mais de 50 anos.
2012