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Detalhe do Acervo: Diário do Paraná - Edição de 05/11/1967 - Caderno 2 - Pg 5

Autor: José Carraro
Titulo: Diário do Paraná - Edição de 05/11/1967 - Caderno 2 - Pg 5
Data da foto: 04/11/1967
Categoria: SADIA - Queda de Avião
Sub-Categoria: N/A

Transcrição da Página 5 do Segundo Caderno – Edição de 05 de Novembro de 1967.

 

INVESTIGARÃO AS CAUSAS

Várias Hipóteses Explicam a Queda

 

Supõe-se que o acidente com o PP-SDJ tenha ocorrido em virtude dos fortes ventos que assolavam a Serra do Mar e a costa de São Paulo, na manhã de sexta-feira. O vôo normal entre São Paulo e Curitiba, do “Dart-Herald” é de aproximadamente uma hora e dez minutos. A visibilidade era precária devido à neblina que encobria toda a extensão da Serra. A aeronave decolou de São Paulo pouco antes das 8 horas.

 

Após mais de uma hora de vôo, o comandante pediu permissão à Torre de Controle do Aeroporto Afonso Pena para pousar, julgando pelos seus cálculos que estaria sobre Curitiba. Ao pedir permissão, havia recebido ordem de descer para 1.500 metros de altitude para se preparar para a aterrissagem. Nesta altura, contudo, encontrou pela frente o Morro da Represa, na Serra do Mar, com o qual se chocou. Minutos depois a Torre de Controle perdia o contato om a aeronave dando por desaparecido o aparelho PP-SDJ e iniciando as buscas.

 

Muitos comandantes preferem atribuir o acidente a um “bloqueio falso”. Seria causado pelas avarias nos aparelhos que marcam a altitude quando o avião está voando sobre as nuvens. Tal hipótese foi sustentada inclusive por dois oficiais da FAB que desceram ontem no Aeroporto Afonso Pena para reabastecimento no jato C-14 procedente de Porto Alegre à Guanabara. Outros acrescentam ainda que o magnetismo da Serra do Mar teria auxiliado o desencadeamento da catástrofe.

 

Os aviadores mais experimentados ficam em dúvida quanto à possibilidade de erro de cálculo, uma vez que o primeiro comandante, José Luiz Sá Freire de Faria, havia completado vinte mil horas de vôo e foi inclusive quem conduziu um “Dart-Herald” de Londres ao Brasil, pela rota polar, há um ano.

As causas, no entanto, somente poderão ser conhecidas com precisão depois do laudo técnico realizado pela FAB no local.

 

4 COMISSÕES

Segundo informações do capitão Alberto Valeixo coordenador geral das operações de busca e salvamento, quatro Comissões de Inquérito investigarão as causas do acidente: a da FAB; a da SADIA; a da Cia. Seguradora e a da fábrica da Dart-Herald.

Engenheiros aeronáuticos da SADIA e da FAB ontem mesmo iniciaram os trabalhos de verificação das peças, das condições do local e de todos os fatos que motivaram o desastre aéreo, que roubou a vida de vinte pessoas, ferindo outras cinco.

 

Comida não Será Mais Problema no Socorro

O problema da fome enfrentado pelos policiais que seguiram para o Morro da Represa para localizar os mortos e sobreviventes do Dart Herald ali sinistrado veio apressar os estudos, visando solucionar a alimentação desses elementos. As dificuldades e atrapalhos causados ao transporte de alimentação comum e mesmo dos tipos comuns de rações para soldados em tempo de guerra vieram a forçar os técnicos que estudam o caso, a apelar para novas descobertas cientificas.

Falando ao DP, disse o delegado Valfrido de Mirando Assy, assessor de planejamento da Secretaria de Segurança Pública, haver visitado fabricas de produtos alimentícios desidratados, localizados em São Paulo e Rio de Janeiro. Isto porque, logo após o acidente aéreo em que pereceu o comandante da 5ª Região os soldados da COE que primeiro chegaram ao local do desastre haviam se defrontado com idêntico problema, as autoridades governamentais do Estado determinaram que o assunto fosse estudado detidamente.

 

Só Água

Há cerca de 30 dias, o desembargador Munhoz de Mello, secretário da Segurança, determinara a compra de amostras dos produtos liofilizados, visando elaborar com eles rações de sobrevivência para soldados empenhados em missões especiais em locais inóspitos. Isto porque, as rações do tipo “E”, compostas de produtos enlatados (do tipo usado pelos soldados na II Guerra Mundial), vem se revelando ineficiente e pouco rendosa.

Dessa forma, usando as novas descobertas cientificas a Secretaria de Segurança poderá adotar, nos próximos dias rações que serão denominadas de “Ração S” (sobrevivência), toda de produtos liofilizadas. Com um diminuto saquinho plástico, que o soldado poderá levar no bolso conterá 250 gramas de carne, arros, ovos, batatas, feijão, sobremesa cítrica, bananas (um cacho por um pacote de 50 gramas), pastilha de vitamina, sais etc. Para preparar o alimento o soldado necessitará apenas de um pouco de água, para que os alimentos voltem a primitiva forma, prontos para serem ingeridos. Cada ração conterá alimentos que possibilitarão o homem a alimentar-se durante três dias, pois os produtos são altamente condensados. Às primeiras rações para a experimentação deverão chegar, na próxima semana, a Curitiba.

 

Fonte da Pesquisa: Diario do Paraná – Arquivo Digital – Biblioteca Nacional Digital Brasil.

http://memoria.bn.br/hdb/periodico