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Jornal A Noticia

Transcrição da Edição de 05 de Dezembro de 1906 – Pg.1

Transcrição da Edição de 05 de Dezembro de 1906 – Pg.1

                             O Saneamento

                      Louvavel, sem duvida, a attitude do illustre sr. dr. secretario das Obras Publicas, ordenando à secção de fiscalização que prestasse, por escrito, minuciosas informações relativas às noticas que temos publicado sobre o serviço de captação e repreza d’agua na serra.

            Os leitores devem estar recordados que consignamos como boato aqui, que a repreza do Carvalho, depois de cheia, exgotou-se, sem apresentar no dia seguinte agua alguma. Após o registro desta noticia, surgio um formal desmentido ao consta, declarando-se que o facto do escoamento d’agua da repreza nada tinha de anormal: tratava-se de meras experiencias, intencionalmente feitas para conhecer-se das condições de estabilidade das obras realisadas.

            Nada havia, pois, de grave e irregular: os boatos que registramos não passavam de canards, dizia-se. No entanto, hontem, o sr. Jorge Eisembach vem prestando ao publico e ao governo informações que comprovam que não andamos levianamente dando publicidade ao facto que é verdadeiro em essência.

            É assim que o sr. fiscal se exprime: “ O incidente a que se refere A Noticia, não se deo, portanto, no reservatório, porem no próprio ribeirão captado, a montante daquella obra...”

           

E o dr. Eisembach explica que devido a enxurrada, o ribeirão desviou de seo curso, deixando de passarem as suas aguas pela repressa; e isto não só devido a quantidade de matacões que forma seo leito, como também à resistência oposta  pelas paredes da caixa...

            Mas o que não se explica é como, tendo-se desviado do leito, o ribeirão, escoando-se suas aguas fora da represa, se tenha podido levar a effeito experiencias nesse reservatório, enchendo-se e exgottando-se successivamente.

            Não queremos insistir no estudo das condicções technicas das obras que a própria fiscalização parece condemnar, atribuindo o desvio do curso do ribeirão a resistência das paredes da caixa, o que evidencia, pelo menos a nós profanos, que esta paredes não foram construídas em condicções convenientes; e por isto, terminamos felicitando o governo pelo modo franco e leal com que attendeo a nossa reclamação, evidenciando o ocorrido sem subterfúgios condemnaveis.

            Aos srs. drs. João Candido e Gutierrez Beltrão os nossos aplausos por terem sabido collocar a verdade acima de qualquer outra consideração, mandando publicar o officio da fiscalização que narra o desvio das aguas, não na represa, mas no curso do ribeirão do Carvalho montante àquella obra, o que é senão mais, ao menos tão grave com a noticia que demos curso, com as devidas reservas.

            Damo-nos por satisfeito: nada architectamos, não acolhemos uma noticia nascida da perversidade opposicionista e si as informações colhidas não eram precisas, nem por isto deixavam de ser verídicas. Houve desvio d’aguas era isto o que, em essência, affirmava a noticia.