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Jornal A Noticia

Transcrição da Edição de 31 de Julho de 1906 – Pg. 1

Por toda parte o buscando

Eis porque sendo, assim, cansado o roto.

Os srs. que estão ali me olhando.

Não viram o patrão do ex-exgotto?

Acabem de uma vez o meu tormento

Mostrem-me o chefe do Saneamento!

 

Elle partiu daqui há poucos mezes

De cobre nos deixando sem restolho

Chamavam-no por troça: seu Menezes

E não tinha este olho.

Lá o delle tinha e por signal aberto,

Tinha bocca, barriga e tinha tudo;

Todos nós exgottou por ser esperto

Sem ter na chupado no canudo.

 

Mas, há consolo ainda para a magoa:

Os manhosos que vão, que vão os pobres,

Carpir saudosamente os tristes cobres,

E encher de pranto toda a caixa d’agua!

 

A caixa d’agua lá de cima eu acho

Que está mui boa, a verdade se diga,

Mas, o certo é que já a grande espiga

Nós levamos por baixo...

 

Da terra já se vê! Canos, mais canos!

Gastamos um cobrão para enterral-os

E inda mais gastaremos p’ra caval-os

Daqui há poucos anos.

 

Dizei-me, meus snrs., num momento

O que eu procuro nunca foi caolho;

Elle era o chefe do Saneamento

E não tinha este olho.

 

Ó Menezes, ó seu chefe! Ó Menezes!

Onde diabo se esconde

Que não vem?

Embalde chamo cem milhões de vezes.

Olho ninguém me reponde,

Chamo não “ovo”ninguém!

 

Eis o monologo que domingo, na Colcha de Retalhos, foi um pouco estuprado pelo Véra.

Não é véro...