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Jornal A Noticia

Transcrição da Edição de 26 de Julho de 1906 – Pg. 1

       No pé em que está collocada a questão do Saneamento de Coritiba, inteiramente paralysadas as respectivas obras há cerca de um mez, o sr. Alvaro de Menezes a persistir numa ausência e num silencio que absolutamente não são lisonjeiros para o seu duplo caracter de homem publico e de profissional, parece que ao governo do Estado vae ser finalmente commetida a árdua incumbência de proceder por administração, na forma do contracto, à conclusão dos serviços.

       Para isso o governo dispõe da importância total das porcentagens retiradas do thesouro com o fim de ser garantido a execução do contracto. Essa importância é, segundo se sabe, de pouco mais de setecentos contos de reis e ao que asseveram pessoas competentíssimas, visivelmente insuficiente para attender aos trabalhos que ainda restam fazer.

     Mas dando de barato que haja entre esses dois elementos – importância total a despender - uma equivalência perfeita e rigorosa, surge no emtanto ao nosso espirito uma interrogação de valor bastante notável.

            Quem pagará esses cento e oitenta contos de reis de que se dizem credores os operários e os fornecedores da empresa?

            Quem pagará os direitos da alfandega, caso não seja obtida a isenção radical de taes direitos?

            Quais os responsaveis verdadeiros por essa divida? Incontestavelmente os contactantes da empreza?

      Mas uma vez que seja forçado a tomar a seu cargo a conclusão dos trabalhos, o governo do Estado assumirá, ao mesmo tempo a responsabilidade moral do seu pagamento. Honesto e leal como se tem manifestado em todos os tempos e através de todas as conjecturas econômicas o governo abrirá, sem hesitação, as portas dos seus cofres e satisfará aos justos reclamos desses que ora sentem o peso esmagador da falta de cumprimento de seus deveres por parte dos emprezários?

      Mas sendo assim não haverá um crime a punir, não se terá chegado a um caso digno de ser levado até a barra dos tribunaes de justiça?