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Jornal A Noticia

Transcrição da Edição de 20/08/1908 - Pg. 1

 

                                    Teia de aranha

     Ante-hontem, à noite, seriam dez horas, começamos de ouvir enormes descargas, tiros e mais tiros, ininterruptamente. A principio vei-nos à idéa um batalhão que se houvesse revoltado, um dos corpos desta guarnição que sahisse à rua a fazer fogo com quatrocentas espingardas de uma vez.

       Depois lembramo-nos do Caio festejando com mil bombas a victoria de uma adesão à sua causa perdida. O tiroteio cessou e dormimos. Pela manhã seguinte soubemos ao despertar que a Empreza de Melhoramentos festejara com foguetes e morteiros a chegada d’agua ao reservatório do Alto de S. Francisco.

         Hoje pela madrugada fomos despertados por novos estouros... pyrotechnicos. Que foguetada, santo Deus!

        Não pode deixar de ser o Caio, dissemos. Há de ser elle a festejar um triumpho ahesista ao do Gaissler de S. João do dito. E cheio de curiosidade deixamos o leito e sahimos a indagar de pessoa em pessoa porque motivo se queimara tantos foguetes.

        Ninguem sabia nos informar, ninguém. Entretanto todo mundo ouvira o estampido das bombas. Tratar-se-ia ainda da caixa d’agua?

        A ultima palavra dessa interrogação um amigo appareceu-nos à frente e fez a luz sobre o caso. A sorte grande dera uma bofetada, como diria o Agostinho Leandro num pobre diabo qualquer. Ah! (murmuramos) esse ao menos tem mais sorte do que o Caio. Caiu-lhe à mão a bolada, ao passo que o Caio cahio por terra.