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Jornal A Republica

Transcrição da Edição de 13 de Outubro 1906 – Pg. 1

                                               SANEAMENTO

                                      AS CAPTAÇÕES NA SERRA

             Fizemos hontem uma visita ao local das represas e do encanamento de agoa, na Serra do Mar.  Sem que nos mova outro intuito que não a transmissão inteira da verdade aos nossos leitores, diremos que os serviços alli observados estão de tal modo adiantados que é questão de dias apenas a sua ultimação.

            A represa geral está em reboco, tendo-se nella concluído todo o trabalho de alvenaria. Por ella já transita o transparente crystal liquefeito do braço do rio Carvalho.

            Além desse rio cujas agoas estão perfeitamente captadas, a ponto de, si se quiser, encaminhal-o dentro de 15 dias, para a caixa do Alto de S. Francisco, e outros rios, como o Caiguara, esse serviço em ultimação.

            A linha adductora está a dois kilometros da represa geral; e na sua collocação trabalha uma grande turma de trabalhadores, servida por 8 carroças, empregadas na conducção dos grandes canos de ferro.

            Reservamos para segunda feira a publicação de um detido descreptivo de taes trabalhos, encerrando esta rápida noticia com a transcripção da acta lavrada no escriptorio da empresa na Serra, por ocasião de, por iniciativa desta redacção, denominar-se REPRESA VICENTE MACHADO o reservatório geral das captações d’agoa.

            Eis a acta desse preito que foi, de alta justiça, ligador do nome do benemérito do nosso grande chefe, à esse notável emprehendimento, filho do seu esforço e do seu patriotismo:

            “Aos doze dias do mez de Outubro de 1906, data anniversaria do descobrimento da America, no logar denominado Carvalho, na Serra do Mar e onde está colocado o reservatório geral das represas das agoas captadas para o abastecimento de Curytiba, presentes os srs. monsenhor Alberto José Gonçalves, presidente do Congresso Legislativo do Estado e governador do bispado; coronel Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva, 2° vice-presidente do Estado; José Fernandes Loureiro, director-presidente do Banco Comercial do Paraná; Padre Desiderio Deschand. Reitor do Seminario Episcopal; Manoel José Gonçalves, proprietário d’ “A Republica”; dr. Francisco Lucas Trevisan, medico da Hygiene Municipal; Augusto de Assis Teixeira, escrivão da Collectoria Federal; Augusto Loureiro, comerciante; dr. Carlos Taty, sub-empreiteiro das obras dos reservatórios; Marcos Leschaud, representante do fiscal do governo do Estado junto a empreza: Tancredo Freire, representante do dr. Eduardo Simmonds, sub-empreiteiro geral das obras, demais empregados da Empreza, e eu, Romario Martins, camarista municipal da Capital aclamado para lavrar esta acta, reunidos, às 2 horas da tarde, no local onde está construído o reservatório principal das captações das agoas, resolveram denominar VICENTE MACHADO à mesma represa, em honra do benemerito Presidente do Estado, realizador desse notável melhoramento”.

            Nesse momento, s. exa. Revma. Monsenhor Alberto José Gonçalves, subindo ao parapeito do reservatório, declarou que tal denominação era um preito de justa homenagem ao eminente estadista paranaense a quem se deve a obra memorável do saneamento de Curytiba; e que para uma obra como essa, imorredoira, cumpria que um nome também gloriosamente imorredoiro como o de Vicente Machado, ficasse perpetuando o exemplo de patriotismo do notabilíssimo administrador.

            E sendo por todos os presentes aceita a indicação, acclamada com enthusiasmo, foi do ocorrido lavrada a presenta acta, assignada pelas pessoas acima mencionadas.