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Jornal A Republica

Transcrição da edição de 04 de Novembro de 1904 - Pg. 1

            Agua e Exgottos 

            O sr. dr. Alvaro de Menezes, emprezário do saneamento de Curityba, escreveu a seguinte carta ao “Jornal do Brazil”, em resposta a um artigo que aquelle jornal publicou contra os interesses da empresa:

            “Sr. redactor do Jornal do Brazil. – Ao ler o numero do vosso jornal, com data de 25 do corrente, deparei com uma correspondência do Estado do Paraná, em que o articulista, em ligeira critica aos consideráveis trabalhos de saneamento que naquelle Estado estão sendo executados, com o fim de ser dotada a sua capital dos impreciaveis benefícios de abundante abastecimento de agua e de uma esperada rêde de esgotos, depois de referencias honrosas feitas aos meus modestos méritos profissionaes e aos do meu socio, atira algumas censuras ao modo porque aquelles trabalhos estão sendo dirigidos e às difficuldades que diz existirem para a vallorização das apólices emittidas pelo Estado, e dadas em pagamento até agora.

            Quanto a primeira parte, refuto desde logo a infundada accusação, pois à frente de cada uma das obras que se executam em Curityba está um profissional habilitado, experiente em trabalhos idênticos, executados por cada um deles no Estado de São Paulo e que não estão fazendo a sua aprendizagem nos trabalhos do Paraná.

            Quanto aos materiaes que lá se estão empregando, é egualmente descabida a critica. Os tubos de grés vitrificado são das seguintes procedências:

                        Inglaterra: fabricantes Doulton & C;

                        Estado de São Paulo: Fabricas de Osasco e Cayeiras.

                        Estado do Rio: fabrica dos srs. Ludolf & Ludolf.

                        O cimento tem sido até hoje das seguintes marcas:

                        Esphinge (Boulognr-sur-Mer), Leão coroado, Germania e Bigorna.

            Seria muito proveitoso aos engenheiros e constructores em geral que o digno articulista indicasse marcas e procedências superiores a essas, para construção de obras hydraulicas, em que s.s. tem certamente provada competência.

            Quanto às suppostas difficuldades que tem surgido à parte financeira da questão, isto é, à valorização dos títulos emittidos pelo governo do Estado, se ellas existissem, seria isso mais um padrão de gloria para os contratantes de taes trabalhos, que não teriam hisitado em gastar alguns milhares de contos para executar obras de tanta relevância, recebendo em troca papeis de pouco valor.

            Tranquilise-se, entretanto, o distincto articulista a esse e a outros respeitos; tão longe não vae o nosso patriotismo.

            Se s.s. quer alguma prova da segurança com que afirmamos isso experimentem comprar por cotação inferior a 830$000 os títulos do Paraná, destinados às obras de saneamento a que nos vimos referindo, e nós lh’os pagaremos todos (todos, repare bem), ao par, isto é, a “um conto de reis cada um”.

            Fica assim, sr. redactor, respondida a noticia inserta em vosso jornal de 25”.