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Jornal Diário da Tarde

Transcrição da Edição de 27 de Agosto de 1906 – Pg. 1

            A SEMANA EM REVISTA

            A semana zarpou, antes pontilhada de impressões agitantes, do que de envolta com douradas esperanças de futuro melhor.          Todo o septenário decorreu afinado no diapasão de uma mesma nota: o saneamento da capital. A debatida questão e o suspirado beneficio, entraram para o domínio das sphinges.

            Bem se lhe pode aplicar o verso de Baudelaire: Ils prennent, em sngrantt, les nobiles atitudes des grands sphinx, allonges au foud des solitudes, Qui sembent s’ endormir dans um réve sans fin.

            Palavras e promessas foram ditas e feitas sobre o cumprimento do contracto celebrado entre o governo do Estado e doi engenheiros, sem preceder largo estudo prévio, e sem a concurrencia estabelecida como principio dominante para todos os contractos municipaes ou estadoaes, como preceitua o art. 142 da Constituição Politica do Estado, de 7 de Abril de 1892.

            Na mensagem de 1905 affirma o presidente: “Dispensei a concurrencia publica, aconselhada, em regra, pela disposição do art. 142 de nossa Constituição Politica. Fil-o desassombradamente e sem receio de que a víbora da calumnia pudesse malsinar o meu acto.” E mais adiante: “Não pensei, nem podia pensar no vozerio dos maldizentes.”

            Os tempos decorreram, e os factos estão ahi hoje demonstrando que si o governo tivesse atendido a vibora da callumnia e ao vozerio dos maldizentes a empreza encontraria nos mesmos meios coercivos para exigir o cumprimento contractual que teria sido feito com outras e melhores clausulas, mais garantidoras da aspiração do povo.

            O feliz emprezario, como Cesar, chegou, viu e venceu. Triumphou mais uma vez, agora; conseguiu o que almejava e o governo, longe de ter um meio de sopitar os ímpetos do contractante, mais uma vez accumulou.   E aquelle para quem se voltam os anseios da população, abandonou mais uma vez e imediata direção dos trabalhos tão importantes dos quaes dependem em grande escala a sorte do povo.

            E pela imprensa embalou a população em doces esperanças, prometendo que dentro em pouco a agua jorraria à flux, a agua pura da serra, para contento geral da população anciosa.

            E com a agua pouco se fala em exgottos: os prazos findam-se, renovam-se e apezar das promessas de que em seis semanas teremos agua, o pvo vae a si mesmo perguntando: E as boras: está se trabalhando: estão em franca actividade os serviços respectivos?

            E foram estas interrogações, essas duvidas, essas apprehensões que perpassaram durante a semana, pelo espirito ao Zé, ora em movimentações solitárias de Hamlets, em frente não da carteira, mais do corpo inteiro, nedio e ágil, do imposto, ora pezando os argumentos e as conclusões dos jornalistas na imprensa, parcial ou imparcial, da terra e de qualquer modo, na espectativa da realisação do veneficio de que será dotada, para seu grande impulso a capital curytibana.