HONTEM
Ah! Meus senhores. Eu não sei o que lhes diga. O dr. Alvaro de Menezes a esta hora sulca os mares bonançosos do sul, rumo norte, levando-nos as ultimas esperanças de vermos Curytiba saneada, com aguas e exgottos, limpa e saudável como u m canto do paraizo terreal.
Mas o homem se foi, deixando o governo com agua na bocca e o thezouro exgottado de cobres. O illustre engenheiro bateu a linda plumagem, justamente quando a sua presença no Paraná era reclamada e exigida.
Ditoso Estado! Venturoso Paraná!
E nós aqui do alto, longe do mar tranquillo, da salsa planície em que a esta hora navega, com vento de feição, o empresário do saneamento, ficamos a ver navios...em secco, em secco como a caixa d’agua do Alto de S. Francisco... E o governo o que faz? Pergunta-me um curioso e um simplório. O Governo? Pois, então, o governo vai incommodar-se por tão pouca cousa?
O Governo, meu amigo, é o governo. Pois tu não, ves que todos aspiram todos, gregos, troyanos e abyssinios a posse do supremo mando? Pensa que, se acaso, alta curul fosse um posto de sacrifício, alguém ir-se-ia incommodar para conquistal-a?
O governo é isto que tu vês: um bom pae e um excelente padrinho e um péssimo padrasto. Pae para os correligionários, padrinho para os adesistas e padrasto para o Estado, cujo interesse fica sem defesa e sem defensor. O governo é isto que tu vês, nem mais, nem menos.
Ossian