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Jornal Diário da Tarde

Transcrição da Edição de 07 de Março de 1906 - Pg. 1

                        Saneamento da capital – Rêde de exgottos

    Mal começado foi este serviço e por isso má foi a impressão do publico quanto à sua execução. Deixando há mezes a sua direção, o dr. Octaviano Machado, o dr. Alvaro de Menezes o entregou, em boa hora, à direção competente e probidosa do sr. dr. Simmonds.

   Teve este que reparar diversos trabalhos mal executados e inutilizar outros que não tinha sido convenientemente iniciados, afim de que a importante obra, agora submettida à sua hábil direção, não fracaçasse.  A rêde de exgottos até hoje assentada attinge a 48 kilometros e pelo bom êxito do serviço, nos affirmou o sr. dr. Simmonds que se responsabilisa.

   O systema aqui empregado é o mesmo que se acha instalado na cidade de Manchester, na Inglaterra, que conta como todos sabem 500.000 habitantes. As manilhas empregadas são de argila, de 12, 16 e 20 polegadas de diâmetro, e conduzem as matérias fecaes para uma câmara anti-sceptica, que já se acha construída, em terrenos incultos ao sul desta cidade, por traz da estação da estrada de ferro, e próximo ao rio Belém.

  Da câmara anti-sceptica passarão ainda as meterias, reduzidas a liquido límpido, por filtros, para d’ahi se escoarem completamente expurgados de impurezas, no rio Belém, por meio de canaes revestidos de concreto, que já se acham construídos, como tivemos ocasião de ver em nossa visita de ante-hontem.

   Nas proximidades desta obra está o terreno sendo preparado para ser ajardinado mais tarde. O rio Belém foi rectificado em diversos trechos afim de melhor correrem as suas aguas. Instalado o serviço, nenhum cheiro sera exalado pelas matérias, que sahirão purificadas, como já dissemos, da câmara anti-sceptica.

    Feita a demorada visita às diversas obras que acabamos de descrever e que devemos agradecer à gentileza do convite, que nos foi feito pelo sr. dr. Simmonds, nos offereceu este cavalheiro, no Grand Hotel, uma taça de champangne, brindado por essa ocasião a prosperidade de nossa empreza jornalística. Em retribuição a este brinde, saudamos a s. s. e, bebendo à prosperidade da Empreza de Saneamento, agradecemos o nobre acolhimento que nos dispensou o digno empresário.

     Retiramo-nos em seguida, com a convicção de que os serviços a cargo da Empreza corresponderão ao sacrifício que foi imposto à população curytibana, resultante do ônus do emprestimo do capital necessário à realisação dos importantes melhoramentos, de que vae ser, dentro de pouco tempo, dotada a nossa cidade.