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A noticia da morte do dr. Vicente Machado, ainda que recebida com demonstração de pezar, não foi surpresa, porque por alguns dias os jornaes annunciavam em notas telegraphicas o seu gravíssimo estado, dando minuciosamente as diferentes phases da sua dilatada agonia.
A colônia paranaense uniu-se para dar publico testemunho de pezar pelo desapparecimento do eminente patrício, sendo nessas demonstrações acompanhada por muitos cavalheiros, que não sendo paranaenses, eram amigos do finado e o são do Estado.
O que, porém, ninguém suppunha era que com a morte do presidente do Estado morresse também a Empreza de Saneamento, já tão cara a população coritibana e que augmentou de um modo notável os compromissos do Estado.
A previsão dos pessimistas, em fim, veio a realisar-se. O sonhado melhoramento deu logar ao crescimento da fortuna particular daquelles que delle se approximaram, comprometteu sobremodo o credito do Paraná e permittiu que os proprietários se submettessem a um imposto um tanto pesado e extemporaneo e do que nenhum proveito compensador conseguiram fruir.
Entretanto os seis mil contos foram habilmente encanados, não para a Serra ou para , a Caixa d’Agua seguramente mas para cofres de donde o erário publico e o povo jamais os poderão reahaver.
E ficará nisso?
Generoso Borges