AGUA

      Eis a carta do ilustre dr. Adriano Goulin:

“Prezadissimo Redactor do Diario da Tarde. Em relação a vossa local de hontem cumpre-me confirmar o que vos disse pessoalmente, isto é, ser a côr ligeiramente amarelada da agua vinda da Serra, devido única e exclusivamente às extraordinárias enxurradas havidas ultimamente.

Quanto à ultima parte da mesma, posso garantir-vos que famílias inteiras têm bebido dessa agua sem as consequências a que se refere vossa folha, o que confirma os resultados da Analyse junta, feita no justamente conceituado laboratório de Chimica Analytica da Escola Polytechnica de S. Paulo e cuja publicação espero de vossa gentiliza. Devo observar que neste mez só tem vindo agua do Ribeirão do Carvalho, a mesma a que se refere essa analyse.

Agradecendo-vos antecipadamente a fineza da publicação destas linhas em vossa apreciada folha, subscrevo-me, como sempre, amigo e admirador. – Adriano Goulin.

P.S. – A seguinte Analyse é extrahida do relatório do Secretario de Obras Publicas, relativo ao anno de 1904, onde se encontra a pag. 124.

Escola Polytechnica de São Paulo – Laboratório de Chimica

Analyse de uma agua, enviada pelo sr. dr. Alvaro de Menezes, procedente a mesma do Ribeirão do Carvalho, Serra do Marumby, Estado do Paraná.

            Essa agua veiu bem acondicionada, em seis vidros brancos, de 500 grammas, rolhas emerilhadas e com rotulo, tendo o letreiro – “Ribeirão do Carvalho, amostras n°s. 1, 2, 3, 4, 5 e 6”.

            Aspecto physico bom; no fundo de alguns vidros há pequeno deposito de terra avermelhada  - Filtrada é transparente e incolor.

                                                RESULTADO DA ANALYSE 

a) Residuo solido por litro a 105 – 110º                 0,073 gr

b) Aquecido o resíduo ao rubro, houve perda de    0,022

c) Gráo hydrometrico total 1º,25

d) Materias orgânicas expressas em acido oxálico por litro m/m gr.

    (Methodo Schulse Fromsdorf)                                                                  18,71

e) Oxygenio fornecido pelo permanganato de potássio para a m/m gr.

    combustão das matérias orgânicas                                                            4,40

f) Contem traços de sulfato de cálciob) Reacção ao tornesol -

RESULTADO: - a agua tem todas as condições de potabilidade, sendo a proporção de matéria orgânica inferior ao máximo permitido, conforme decisão do Congresso de Bruxellas.

São Paulo, 8 de Março de 1904 – (Assignado) Magalhães Gomes.