X

Fale Conosco:

Aguarde, enviando contato!

Jornal Diário da Tarde

Transcrição da Edição de 25/01/1910 - Pg. 1

                           AGUA

    Esperavamos que depois de tantas peripécias e de tantos sacrifícios em dinheiro, viesse afinal o serviço de saneamento desta capital satisfazer cabalmente `as nossas necessidades hygienicas.

     Não é isso, infelizmente o que se está verificando, agora que o serviço começa a entrar no terreno das aplicações praticas e que à população vêm de ser impostos os ônus das instalallações domiciliarias e os das taxas sanitárias.

      Para o momento, nos é dado tocar apenas na agua que se nos esta fornecendo. Ella é simplesmente repugnante, tanto assim que muitos proprietários que já têm feitas as suas instalações, continuam a se utilizar  das aguas dos poços, por muitos títulos condenada.   A condição essencial da agua de bebida distribuída às populações urbanas é a sua limpidez e a sua pureza.

      Sem esses requisitos o liquido, quando não seja realmente nocivo, é pelo menos suspeito. E o liquido simplesmente suspeito, já não é digno nem próprio a ser offerecido aos consumidores.

    A agua que nos fornece a Empreza Paulista de Melhoramentos do Paraná não é unicamente suspeita. Ella deve ser fatalmente nociva.

     A sua colloração avermelhada, os detritos que em grande quantidade traz em suspensão, não podem deixar de revelar um liquido de má qualidade, que uma analyse rigorosa necessariamente condemnará.

    É justo, portanto, que o governo compilla imediatas que se impõem para que seja fornecida à cidade uma agua effectivamente potável.

     A população de cujas algibeiras vem a sahir o pagamento do serviço, não deve ser constrangida a ingerir substancias que lhe podem prejudicar o melhor bem que nos é dado possuir – a saúde.

    Estamos seguros de que a Empreza não se recusará, mesmo sem a intervenção do governo, a mandar executar os serviços que melhor julgar acertados para que sejam satisfeitos os justos reclamos dos consumidores.