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Jornal Diário da Tarde

Transcrição da Edição de 07/09/1940 Pg. 1

 

                                                Os dois grandes problemas da cidade

A CAPTAÇÃO DE NOVOS MANANCIAIS DE AGUA E A RETIFICAÇÃO E HIGIENIZAÇÃO DOS RIOS BELÉM E IVO

  Há poucos dias ainda, numa série de reportagens, recapitulamos todos os grandes problemas da cidade, por nós mesmos focalisados. E, agora, que um novo prefeito, animado das melhores intensões, assume a direção dos negócios municipais, é oportuna voltar o assunto, sem outra preocupação que a de colaborar para o progresso citadino.

   Curitiba é uma cidade que cresce e progride, mercê da iniciativa particular, cabendo, portanto, ao poder público ir de encontro às necessidades locais, enfrentando os problemas que ai estão a exigir solução imediata.

        AGUA

   Desses problemas todos, o da agua, sem dúvida, é o mais urgente. Certo, ele pelo seu vulto, exigirá larga soma para ser solucionado, tão larga mesmo, que ultrapassa às próprias possibilidades financeiras da Prefeitura. Essa contingência, contudo, não constituirá empecilho irremovível, desde que há meios de se promover a efetivação do importante empreendimento, sacando-se sobre o futuro.

    A rede de água que ai está, vem de anos, da Curitiba de outrora, pequenina e sem veleidades. O ocorrido tanto tempo, é logico que ela não mais satisfaça às necessidades da população, três ou quatro veses multiplicada. O manancial é exíguo demais e a prova está na falta de água constante, fato que já se tornou, por assim dizer, a tortura do curitibano. À certa hora, o registro é fechado para determinadas zonas afim de servir outras. Toda a cidade se queixa, ante as torneiras vasias...

   Depois, bairros de população densa, como Portão e Água Verde – para só falar nesses – vivem entregues ao perigo sempre presente do tifo, por não gozarem dos benefícios de uma rede de água e esgotos. Aí está em jogo a saúde pública e o caso já é bem mais sério e grave.  O progresso da cidade está, portanto, reclamando a solução desse problema vital.

          OS RIOS

    Outro “caso” que até aqui não encontrou um administrador decidido que o enfrentasse com disposição de liquida-lo de uma vês por todas. Até agora, a rigor, nada foi feito, a não ser meras tentativas, isoladas, neste ou naquele trecho dos dois cursos dagua que serpenteiam em plena cidade – Belém e Ivo. Quanto mais retarda a sua solução tanto mais difícil.

    Para vencer os riosinhos rebeldes há vários meios, como bem patente ficou na “enquete” que realisamos, na qual depuseram diversos engenheiros conterrâneos. Em reconhecer a necessidade da canalização, retificação ou mesmo o desvio do curso dos riosinhos todos foram unanimes, apresentando, cada um, a sua sugestão.

    Centenas de terrenos são inutilizados pelos dois filetesi dagua, que são os responsáveis, também, pelas enchentes e alagamentos de diversas zonas da cidade, depois de um aguaceiro mais ou menos intenso.

    O Belém que vem se lançar no tanque do Passeio Público, é o esgoto natural de extensa zona, enquanto o Ivo, embora atravesse zona servida por rede de esgotos não deixa, igualmente, de servir de despejo. Ora isso significa nada mais nada menos que expor a população curitibana a endemia entre as quais o tifo ocupando o primeiro. A zona próxima ao Passeio Público, principalmente nos dias de soalheira, exala cheiro insuportável, proveniente do “caldo de cultura” do rio Belém.

    Não precisaremos alinhar, aqui, todos os inconvenientes, todas as consequencias atuais e futuras, decorrentes da situação desses dois rios pequeninos que cortam o mapa da cidade, no sentido oeste – leste.

     A ampliação da rede de água, com a construção de novos reservatórios e a canalização dos rios Ivo e Belém, constituem, pois os dois grandes problemas da cidade, problemas que vem desafiando administração sobre administração.  O prefeito que resolve-los, terá se consagrado para todo o sempre.

      Esses, sim, são os problemas da cidade que há anos reclama um prefeito com decisão e animo para enfrenta-los.