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Jornal Diário da Tarde

Transcrição da Edição de 06/06/1934 Pg. 1

 

       ABASTECIMENTO D’AGUA E REVISÃO DA REDE DE ESGOTTOS

                              “É o problema máximo!”

       Afirma-nos o dr. Odilon Mader, Director do Departamento de Aguas

   Conforme noticiamos, o dr. Odilon Mader, diligente e esforçado diretor do Departamento de Agua e Exgotto, concedeu hontem, interessante entrevista ao DIARIO DA TARDE, sobre o palpitante problema do abastecimento de agua à cidade. Eis como o talentoso engenheiro paranaense respondeu à “enquete” deste vespertino:

  - O problema máximo da actualidade curytibana é, sem duvida, o de melhoramento e reforço de seu abastecimento de água e, consequentemente, o de ampliação e revisão da rede de esgotos.

  Para tanto dispõe o Estado de um completo e perfeito plano de encanamento, organisado, em 1921, pelo grande e saudoso engenheiro Saturnino de Brito, a maior autoridade em engenharia sanitária aparecida, até hoje, em nosso Paiz. É esse plano de saneamento que urge ser posto em pratica, o que, infelizmente, não tem sido possível fazer, integralmente.

   Executada, que foi, parte desse plano, em 1927, com o aproveitamento e recalque das águas dos Rios Cainguava e Carvalho, na serra, não permitiram, lamentavelmente, as condições financeiras do Estado, sua continuação. Agora, porem, resolvidos outros inadiáveis e magnos, problemas que dizem respeito, de perto, ao progresso de nosso Estado, volta o senhor Interventor Federal suas vistas para os de saneamento de suas principaes cidades.

  Quanto a Curitiba, pensa-se em primeiro logar, da introducção de hidrômetros, na sua rede de distribuição de água, em numero suficiente, de forma a se evitar abusos e desperdícios de água e a se obter uma distribuição mais equitativa e moral. Em seguida, a construção de uma nova estação depuradora de esgotos e a execução de um novo coletor geral de esgotos, que venha a desafogar os da zona baixa da cidade, que trabalham em plena carga, tudo de acordo com o citado plano Saturnino de Brito. Depois, a solução proposta de elevação das águas do rio Iguassu, para abastecimento da zona baixa da cidade.

  - E como tais obras e melhoramentos requerem inversão de grandes capitaes, cogita-se de sua obtenção, sem lançar mão de empréstimos, com a criação de um novo imposto sobre terrenos não edificados que, constituindo verdadeiras chácaras, no centro da cidade, impedem aí as construções e forçam a expansão irregular da cidade. É ainda o grande mestre Saturnino de Brito que aconselha:

   - “Vem de molde lembrar a vantagem em se fazer as edificações nas ruas em que existem os serviços de água e esgotos e dificultar as que procurarem terrenos baldios e não saneados.” (Ver do autor “Saneamento do Recife”, 1° vol. Pag. 22 ## 7 e 8_ - É preciso que se edifiquem os terrenos marginais aos condutos de agua e esgotos, para que, o Governo obtenha a soma de taxas remuneradoras do emprego do capital: convem, no mesmo sentido evitar a formação de núcleos excêntricos, em zonas não saneadas, cujas populações em pouco tempo reclamarão novos sacrifícios dos Governos do Estado e do Municipio, para colocarem em boas condições de habitabilidade novas ruas, com edificações esparsas.”