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Jornal Diário do Parana – Diarios Associados - Ano de 1955

Transcrição da Edição de 18/05/1955 Pg. 8

                                          DEFICIENTE O ABASTECIMENTO DE

                                          ÁGUA NOS BAIRROS DE CURITIBA

                                     20549 PREDIOS LIGADOS À REDE  ÁGUA

Como funciona o serviço de água e esgoto em nossa cidade – Volume de água tratada – Faltará agua dentro de alguns anos, afirmam os entendidos - Deficiencias.

   As civilizações antigas se desenvolveram à margem dos grandes rios. Quando uma tribo desejava migrar, a primeira preocupação dos seus chefes era a de procurar local servido de água abundante. Assim se iniciou a civilização indú às margens do Ganges; a egípcia nas margens do Eufrates; a chinesa, do Jang tse Kiang; a eslava, do Volga; a inglesa do Tâmisa.

   Explica-se esse fenômeno sociológico e politico da antiguidade pelo fato de ser a água elemento fundamental à vida.

   O progresso da matemática e da arquitetura veio possibilitar o deslocamento dos povos, das margens dos rios, para os planaltos. O primeiro serviço de condutos d’água, que se conhece foi feito em Roma. Até hoje é celebre o “aquaeduto” que corre paralelo à Via Ápia, na Itália.

   Da velha Roma se difunde para o vasto império romano a pratica da instalação de redes d’água e esgoto, fenômeno que veio transformar profundamente a vida das cidades que se haviam localizado à beira dos rios.

   No mundo moderno esse serviço é da mais alta significação, porquanto é instrumento de higiene e possibilita a fundação de cidades em locais onde não existem lençóis d’água. A sua importância é facilmente verificável, por qualquer um de nós, quando correm um desarranjo na instalação d’água ou esgoto de nossas residências. O suprimento d’água e o serviço de esgoto estão na razão direta da cultura de um povo.

                  O SERVIÇO DE ÁGUA E ESGOTO EM NOSSA CAPITAL

   Até 31 de Dezembro do ano passado a nossa cidade possuía 14.134 prédios ligados à rêde de esgoto, e 20.459 à rêde de água. Os 6.145 prédios que não estão ligados à rêde de esgotos, por determinação do regulamento das autoridades sanitárias, cada um possue fóssa séptica. A extensão da rêde de água, em 1945, era de 166.948 metros; em 1954 passou a 325.261 metros. A de esgoto, cuja extensão era naquele ano, de 129.000 metros, em 1954 apresentou a notável cifra de 187.687 metros. Realizou o Departamento de Água e Esgoto em 1945, 5.964 consertos, e em 1954, 14.128. Em igual período existiam 7.794 e 10.353 hidrômetros respectivamente. Existem 10.000 prédios atualmente nos quais não há o mencionado parelho, sendo que alí o uso da água é livre.

            VOLUME DE ÁGUA TRATADA

   Até 1946, Curitiba era abastecida por água de vários córregos existentes na Serra do Mar, nas proximidades de Piraquara, no local denominado Roça Nova. Era então insuficiente o volume d’agua fornecido pelos mencionados córregos. Nêsse ano, durante o governo do interventor Manoel Ribas foi inaugurada uma estação tratadora. Na fase inicial do seu funcionamento o abastecimento era feito com água tratada e parte com água “in natura” esta provinda de córregos, parte por bombeamento e parte pela ação da gravidade. Em setembro de 1949 suprimiu-se o abastecimento d’agua oriunda dos mananciais da Serra e a cidade passou a ser suprida exclusivamente pela água tratada.

  Em 1950 o volume de agua tratada foi de 8.421.753 m/3; em 1951, 8.519612 m/3; em 1952, 9.685.900 m/3, em 1952 11.958.162m/3 e em 1954, 13796.453m/3. No tratamento d’agua entram alguns elementos químicos (objetivando suprir certos elementos orgânicos da própria água ou tornar-se ele integrada de substancias nutritivas. O sulfato de alumínio é um desses elementos químicos cujo consumo em 1950 foi de 299.819.707 quilos e em 1954 de 280.477.506 quilos.

   Papel importante desempenha também o cloro, que é usado para a desinfecção da água tratada. O seu consumo, em 1950, foi de 4.191.900 quilos e em 1954, de 7.556.200 quilos. Para o tratamento d’agua são necessários possantes motores acionados a eletricidade, cujo consumo em 1950 foi de 3.030.472 K.W. e em 1954 de 4.997.840. O lançamento da taxa sanitária, em 1950 atingiu a soma de Cr$-9.522.326,80 e no ano de 1954, Cr$-23.713.816,60.

             COMO É ABASTECIDA A CIDADE

   A estação de água está localizada no prolongamento da rua 15 de novembro, na avenida D. Victor Ferreira do Amaral (antiga estrada da Adutora) e recebe a água do Rio Piraquara. Nesse local foi construída uma barragem donde a água é conduzida por um processo de ejecção até a estação de tratamento, donde sai para a torre do Cajurú.

    Dois reservatórios ali instalados recebem 8.300 m/3, d’água, já tratada, sendo que um é subterrâneo, recebendo 8.000 m/3, e o outro, elevado, que recebe 300m/3.

   Partem duas linhas, uma abastecendo as regiões do Portão, Água Verde e Capanema, e a outra abastecendo o bairro do Batel, onde possuem um reservatório com capacidade para 8.000m/3. Essa linha bifurca-se para, antes de chegar no Batel, formar o reservatório do alto de São Francisco, cuja capacidade de 8.000m/3 serve aos bairros das Mercês, Pilarzinho e o centro da cidade.

             FALTARA AGUA

  Alguns entendidos afirmam que dentro de determinado número de anos, os curitibanos enfrentarão a falta de água, em consequência do crescimento da população, e as poucas reservas que possui. O fato tem causado certa apreensão, mas até hoje nenhum pronunciamento oficial foi dado sobre o assunto.  Seja como for, o sistema de águas e esgotos de Curitiba carece de revisão completa, afim de que o mal seja cortado pela raiz, ante que chegue a causar grandes danos a população.

             DEFICIENCIA

  Embora o serviço de Águas e Esgotos de Curitiba seja bem organizado, os poderes públicos não deram a ele o amparo financeiro necessário, e daí inúmeras deficiências. Principalmente nos bairros, existe falta de água. Neste sentido, inúmeras queixas já foram dirigidas à redação desta folha. Outra deficiência é a falta de força do bombeamento. A maioria dos edifícios de Curitiba possuem motores próprios para bombearem a água para os andares superiores.

  O serviço de fornecimento de água à população precisa ser revisado com urgência, afim de que o problema mais tarde, não se torne crônico como no Rio, São Paulo e outras capitais brasileiras.