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O Barracão da Vila Operária

['O Barracão da Vila Operária]

O barracão foi construído em 1935 logo após a construção da Vila Operária em 1933. Era utilizado como depósito das ferramentas e materiais utilizados pelos funcionários do DAE – Departamento de Água e Esgotos, na manutenção do sistema de captação de água dos mananciais da serra.

 

Com base em uma foto antiga cedida em 2013 pela Ana Cristina, funcionária da Sanepar e à época gestora do CEAM e dos Mananciais da Serra, deduzi erroneamente que o local do barracão era em uma área ao lado da casa 5 da Vila Operária, pois havia vestígios de uma fundação de construção.

Na época não investiguei esses vestígios com mais detalhes, pois conclui que a construção havia sido demolida na década de 80, quando a maioria dos moradores saiu dos mananciais.

 

Essa foto antiga do barracão ainda não teve sua data original identificada.

 

Em 2015, mais precisamente no mês de Novembro, fiz uma caminhada nos mananciais com o Sr. Osmair Rocha. Fomos até a Caixa da Polenta, onde o Sr. Osmair tinha uma referência de um caminho antigo para o alto da serra. Acabamos não encontrando o tal caminho.  Destaco que o Sr. Osmair é filho do Sr. José Rocha de Barros, Seu Zezinho (já falecido). Como já escrevi em outras estórias, Seu Zezinho me passou muitas informações sobre os sistemas de captação existentes nos mananciais.

 

Mas no retorno da caminhada ao chegarmos às casas da vila, o Seu Osmair perguntou se eu havia encontrado o local do barracão. Indiquei o ponto onde achava ser as ruínas da construção.

 

O Seu Osmair discordou imediatamente. O local do barracão ficava mais afastado das casas. Também me confidenciou que o local que eu achava ser do barracão, na verdade no passado foi à base para uma pequena torre de alvenaria, onde tinha uma caixa de água, que abastecia as casas da vila.

 

Naquele dia o Sr. Osmair adentrou a mata indo para o local do barracão. Não o acompanhei. No retorno, confirmou ter achado as ruínas.

Verificando uma foto do local de 2006, acabei confirmando posteriormente, que realmente havia uma caixa de água lá.

 

Mas com a nova informação, retornei aos mananciais e no dia 18 de Novembro de 2015, e encontrei parte do que restou das fundações do barracão da Vila Operária.

Como a mata no local das fundações era formada por pequenas arvores ou trepadeiras e cipós, foi fácil delinear uma parte da base da construção ou alicerce.

Primeiramente achei uma área calçada com lousas de granito escuro, que mais tarde ampliando a foto antiga, identifiquei como sendo de uma calçada na frente do barracão.

 

Fiz uma nova visita no dia 20 de Novembro, agora avançando para os "fundos" da base do alicerce. Achei na lateral direita do alicerce, para quem está observando a estrutura a partir da frente original do barracão, uma estrutura quadrada parecida com um “cocho” que também está na foto antiga.

Nesta construção quadrada, encontrei algumas ferramentas antigas que foram abandonadas, dois ponteiros e uma lâmina de gadanha (ferramenta utilizada para cortar ou roçar capim). Estes artefatos foram catalogados e entregues para o curador do museu da Sanepar.

 

Na parte posterior, na outra extremidade do quadrilátero, achei duas grandes manilhas. Caminhando mais para dentro da mata, encontrei um cano de metal, verticalmente  escorado em uma árvore, que naquele dia ficou sem esclarecimento. Imaginei que o cano havia sido abandonado na mata.

 

Contornei a fundação, retornando ao ponto inicial da “calçada” descoberta há poucos dias. Toda essa fundação do barracão foi construída com pedras lapidadas em granito.

Ainda no dia 20, descobri que no interior do barracão, o piso também era calçado com lousas de granito.

 

Posteriormente, medindo as fundações com GPS, calculei que a área construída era de 100 metros quadrados.

 

No ano seguinte, no mês de Agosto de 2016, fiz mais duas incursões às ruínas do barracão, tendo descoberto no terreno nos fundos, após as fundações, que abaixo do cano de ferro “encostado” em uma árvore, tinha uma fossa séptica. O cano era uma espécie de respiro da fossa. A existência da fossa permite concluir que o barracão possuia um banheiro.

 

Para além do local da fossa, descobri palanques de uma cerca de arame farpado, que deveria fazer parte do estábulo mantido naquele local. Também encontrei um cocho para alimentar os animais que ficavam recolhidos no local.

Na mata ainda foi descoberta uma estrutura de  alvenaria tipo tanque de lavar roupas, com cano e torneira. Deduz-se que era o local de acumulação de água para os cavalos.

 

Como nas imediações das fundações não foram encontrados restos de materiais de construção, do tipo telhas ou madeira, o barracão foi demolido e os restos da demolição foram retirados do local.

 

Passados vários anos depois da construção e mesmo depois da demolição, foi bem interessante encontrar os resquícios de uma edificação que foi tão importante para a manutenção das estruturas hidráulicas dos mananciais da serra.

 

Piraquara, 18 de Junho de 2020.