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Relatório da Secretaria de Obras Públicas e Colonização

Transcrição Relatório da Secretaria do Estado dos Negócios de Obras Publicas e Colonização, publicado em 31 de Dezembro de 1912 – Pgs. 34 a 36.

     Em plena confirmação ao que, annos atraz, como director de Obras e Viação, informara ao Governo, a proposito do volume da agua fornecida à população desta capital, os factos têm vindo demonstrar que aquelle volume não póde satisfazer às necessidades do consumo diário, mesmo com o numero restricto de 2371 installações domiciliarias, que tantas são as actualmente existentes.

     É verdade que com os innumeros defeitos inherentes a uma rede geral de distribuição construída por assim  dizer a esmo, e igualmente com a adopção do regimen de pennas d’agua tão favoravel ao desperdício não pequena é a fracção de liquido que se perde em marcha, após a sua sahida do reservatório do alto de S. Francisco.

     Si outras fossem as condições technicas da rede distribuidora e si desde logo tivesse ficado estabelecido o emprego systematico do hydometro, certo que um melhor aproveitamento se faria do contributo fornecido pelos mananciaes actualmente captados.       Mesmo assim, porém, não se poderia demorar por muito tempo a solução do problema do aproveitamento de novos mananciaes.

    A população de Coritiba cresce extraordinariamente, os seus habitos se modificam todos os dias, de sorte que não somente o serviço privado tende a exigir augmentos progressivos de descarga liquida, como também o serviço publico, pelo estabelecimento de chafarizes, bebedouros e repuxos, bem como da irrigação das ruas, extincção de incêndio, etc., sem falar no serviço industrial cujo expandimento obedece a igual proporção.

   Dessa maneira, os 3 milhões e poucos litros de que se dispõe actualmente, em tempo de secca prolongada, devem ser considerados desde já insufficientes para uma população urbana de cerca de 45 mil almas e que soffre um augmento annual de alguns milhares.

     Calculada que foi a actual linha adductora, destinada a trazer a agua da serra do mar para a capital, numa extensão total de 32000 metros, para um volume diario de 10.000.000 de litros, não convem, por emquanto, na confecção do projecto para a captação de novos mananciaes, ter-se em vista maior volume dagua do que esse, o qual será ainda sufficiente durante alguns anos, até que medidas mais radicaes devam ser tomadas em todo o conjunto de serviços referentes ao saneamento desta capital.

     Apezar de certas medidas tomadas pela empreza que explora os serviços de aguas, os pontos altos da cidade continuam a ser notavelmente prejudicados, jamais recebendo agua durante o dia e às vezes nem mesmo a noite.

    Grande numero de reclamações tenho recebido a esse respeito e infelizmente a unica providencia que julgo poder ser tomada consiste na adopção de um differente systema para a distribuição diurna, na cidade, fazendo cessar ou reduzir sensivelmente o fornecimento para a parte baixa durante certas horas. Por outro lado, os consumidores da zona alta deverão todos anexar às suas installações um reservatório com a capacidade para 800 ou 1000 litros.

    Taes medidas, porém, não podem ser tomadas como soluções racionaes e duradouras de um problema que tende a se complicar cada vez mais com o enorme desenvolvimento da cidade.

    Mesmo realisado que seja o augmento do volume d’agua adduzido, os pontos altos continuarão ainda a soffrer as intermittencias de falta d’agua de que se queixam, si medidas especiaes não forem tomadas em relação a toda zona que lhes corresponde.

     A construcção de um novo reservatório de distribuição se impõe, para esse efeito, ou seja independentemente do actual, ou seja com elle conjugado, na qualidade de caixa compensadora, devendo atender-se à necessidade de levantar de alguns metros a cota do ponto de sahida do liquido destinado à zona alta.

     Muito conviria que se fizesse uma forte propaganda em torno da adopção do hydrometro nas instalações domiciliarias da cidade.

     Como muito bem diz o engenheiro G. Lidy, em um opúsculo sobre os contadores hydraulicos, a opposição contra o emprego do hydrometro tem sido absolutamente universal.

    E, todavia, forçoso é reconhecer que nenhum outro systema de distribuição póde, como esse, impedir o accrescimo indefinido do consumo e do desperdicio, protegendo os interesses dos próprios consumidores e reduzindo as despesas de mais em mais elevadas que a administração publica é obrigada a fazer com addução de novos mananciaes.

    Penso que uma vez levadas a effeito as obras que deverão elevar o fornecimento diário a pelo menos 10 milhões de litros, poder-se-há tornar obrigatório o suso domiciliário do hydrometro, convindo, entretanto, elevar ao mesmo tempo a 1200 litros o valor de cada penna d’agua, correspondente às taxas sanitárias pagas por cada prédio normal.

    Como o hydrometro é ainda um apparelho relativamente caro, seria de toda a conveniência que a administração ou a empreza concessionaria do serviço, aluga-se-o a cada consumidor, mediante um preço mensal previamente estabelecido, tendo em vista o valor da peça, posta em Coritiba, e quota precisa para juros e amortisação do capital empregado.

    De accordo com o contracto firmado em Dezembro de 1907, a empreza concessionaria dos serviços de aguas e esgotos é obrigada a executar à sua custa os estudos para a captação dos novos mananciaes que se fizerem necessários. À vista disso, já officiei aos contractantes para que procedessem a taes estudos, sendo-lhes marcado o praso de seis mezes para a respectiva apresentação a esta secretaria.

   Conforme ha tempo referi em relatório apresentado ao Governo, os novos cursos d’agua a adduzir serão os rios Ypiranga e Ypiranguinha, além de outros menores que porventura existirem na bacia hydrographica desse mananciais.

    A rede de esgotos ambem necessita de passar por alguns melhoramentos, cujos estudos serão effectuados depois de concluídos os referentes ao volume d’agua do abastecimento e que reputo de caracter mais urgente.

     Eis as occurrencias relativas à Empreza Paulista de Melhoramentos no Paraná, durante o anno:

            Ligações feitas durante o anno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 438

            Total das ligações existentes  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2371

            Numero de prédios sitos na zona servida pela rede de aguas e

            esgotos  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .      3500

            Extensão das ligações de agua existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . 29216

            Extensão das ligações de esgotos existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15952

            Numero de empregados no escriptorio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  .        16

            Numero de empregados da conservação na cidade . . . . . . . . . . . . . . .        28

            Numero de empregados da conservação na linha e serra . . . . . . . . .  . .     10

            Numero de empregados da construcção na linha e serra  . . . . . . . . . . .      22

    As quantidades de agua recebidas e que foram integralmente distribuídas em media por 24 horas, consta do seguinte quadro:

Julho         Agosto          Setembro           Outubro         Novembro       Dezembro

4263116  4244266          4247282          5949256          5014100          5391854

As quantidades máxima e mínima respectivamente recebidas em 24 horas, foram respectivamente: 6501700 litros e 3382380 litros.

As principais occurencias que se deram no serviço durante o anno foram as seguintes:

Rebaixamento de 7 ventiladores da rede de esgotos, para facilitar o assentamento da linha de bonds electricos.

Suppressão do registro de 8” na rua Amynthas de Barros, sobre a linha adductora.