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Relatório da Secretaria de Obras Públicas e Colonização

Saneamento de Curityba – Memoria descriptiva e Orçamento - Publicado em 1904

    Duas soluções existem para o delicado problema de agua potável e abundante a uma cidade: ou a captação de agua de serra, nas proximidades de suas nascentes ou a elevação de aguas de várzea.

- Dificil e muito, se torna ao engenheiro sanitario, firmar regra absoluta sobre a escolha para cada caso, tantos e tão complexos são os elementos que influem na questão. De um lado, a polluição das da segunda espécie e difficuldade de medidas que impeçam a sus crescente contaminação pelos povoados a montante; de outro, a carestia da conservação, que tanto onera as installações mecanicas, quando se torna indispensável a adaptação dos motores thermicos para o desenvolvimento da energia; finalmente, o extremo cuidado que demanda a manutenção dos apparelhos filtrantes, dependendo de um pessoal consciente e assíduo, em serviço como o do abastecimento de aguas, que deve primar pela continuidade e independer da nem sempre zelosa intervenção do homem; os trabalhos de hygiene devem ter um funcionamento automático, se assim for possível.

    Para o caso da Cidade de Curityba, não hesitamos em preferir a primeira solução, isto é, a captação das aguas de serra, para a qual, desde logo fixamos a nossa atenção. Foi assim que mandamos proceder ao estudo hydrographico de toda a região da Serra do Mar, comprehendida entre a entrada de rodagem da Graciosa e a E.F. de Paranaguá a Curityba e prolongando ainda o reconhecimento além desta estrada.

     Essa linha de estudo atinge a um desenvolvimento de certa de 40 kilometros, ao longo das serras da Graciosa, Jaguarapira, Bôa Visa e Marumby, tendo sido estudadas, além de outras, principalnete os córregos e mananciais seguintes: a) Serra da Graciosa; b) Serra Jaguarapira; c) Serra Boa Visa; d) Serra do Marumbi.

     Captação e adducção: O manancial escolhido será captado a pequena distancia do tunel da Roça Nova, no kilometro 80 da E. de Ferro Paranaguá a Curityba; no ponto de captação da bacia principal, será construído uma represa principal, munida dos indispensaveis accessorios, caixa de area, filtros de decantação syphonada, registro de parada e descarga e da conveniente drenagem lateral que evite por completo as aguas das encostas.

    Ao lado dessa construcção será installada habitação do respectivo zelador, cercas protectivas da área a captar, devendo ser guarnecidos convenientemente todos os taludes a montante da repreza.  Partirá d’ahi a canalisação adductora, em tubagem de ferro fundido com a extensão de 34:352 metros até o reservatório do Alto de S. Francisco. O seu traçado acompanha inteiramente o leito da E. de Ferro, cujos cursos de aguas serão atravessados em tubos em balanço ou pontilhões em vigas armadas quando os vãos excederem ao cumprimento de 3 tubos. O encanamento deverá passar a profundidade nunca inferior a um metro e será munido de descargas nos pontos minimos de syphões e de ventosas em todas as topas, bem como de registro de paradas que facilitem o isolamento parcial ou total da tubagem. A entrada do encanamento mestre na cidade se fará na rua 7 de Setembro até a da Liberdade, por esta rua subirá o referido encanamento até o Largo do Mercado onde attingirá a altitude de 905 m; em seguida percorrerá a rua Riachuelo até a de S. Francisco pela qual continuará o seu trajecto até o Largo do mesmo nome, onde termina no Reservatorio de distribuição. Nas proximidades da rua João Manuel será feita uma derivação de 4 polegadas, no citado encanamento, afim de abastecer a parte mais elevada do planalto, por distribuição directa à semelhança do systema empregado em cidades de identica topographia.