Transcrição da Página 6 - Edição de 08 Novembro de 1967.
Causa do acidente seria interferência magnética da Serra
O Sr. Omar Fontana, diretor-presidente da “Sadia S. A. Transportes Aéreos, revelou, na tarde de ontem, na Base Aérea, que as conclusões preliminares a cerca do acidente com o “Dart-Herald” indicam a influência magnética e estática nos aparelhos de rádio do avião, provocada pela montanha e pelo mau tempo reinante durante o vôo da aeronave. O magnetismo causou a interferência no rádio-farol de Curitiba, originando o bloqueio falso na aparelhagem.
Durante quase duas horas o Sr. Omar Fontana juntamente com os técnicos Eric Humbles e David Bronw – o primeiro da fábrica Handley Page, responsável pelo fabrico do avião e o outro da “Rolls Royce”, de São Bernardo do Campo – voaram sobre o Morro do Carvalho, local do acidente, a fim de testar o magnetismo da montanha. O presidente da “Sadia” acrescentou que durante o mau tempo a influência magnética é maior, sobre as aeronaves. O capitão Ramos prossegue o inquérito com respeito ao desastre do PP-SDJ.
SALVAMENTO
O tenente Tavares do Hospital da Policia Militar do Estado do Paraná, disse que poderiam ser resgatados mais corpos com vida, se a equipe de socorros chegasse, ao local do acidente, mais cedo.
“Se vinte e uma horas depois do acidente foram encontrados cinco sobreviventes, é natural que mais cedo outras vidas teriam sido salvas. Muitos morreram, talvez, por falta de assistência e hemorragias internas e externas” acrescentou.
Por outro lado, revelou que o Corpo de Bombeiros possui lanternas possante que não puderam ser usadas devido a falta de pilhas. Estas lanternas tem grande alcance e suas pilhas duram cerca de seis meses.
SOBREVIVENTES
O Sr. Armando Cajueiro e o comissário Roberto Monteiro da Fonseca, internados no Hospital da Policia Militar do Estado, continuam em estado comatoso ou de semi-consciência.
Comparativamente, o estado de saúde do comissário Roberto Monteiro é melhor do que o do sr. Armando Cajueiro, porém os dois, ainda, não falam nada e a alimentação está sendo feita através de soros e sondas gástricas. Segundo o tenente Tavares, substituto do major-médico Jouglas Cordeiro, “nem se pensa em alta para os sobreviventes e a luta dos médicos é deixá-los fora de perigo, o que levará ainda muitos dias”.
No Hospital Geral do Exército, por outro lado, operador de vôo Leildo Cardoso foi submetido, na tarde de ontem, a duas intervenções cirúrgicas. Uma de correção dos distúrbios ocorridos no rosto e outra na clavícula.
Segundo o aspirante Walter Pazin, médico de dia do HGE, o sr. Leildo passa bem e é assistido pelos seus familiares.
Já a sra. Silvia Tavares, que teve sua perna direita fraturada, está completamente normal, falando com regularidade.
LEILDO
O operador de vôo Leildo Cardoso declarou que o PP-SDJ voava normalmente, porém sem visibilidade, tendo recebido as angulares para o pouso no Aeroporto Afonso Pena. Afirmou, também, que não recebeu nenhuma informação especial do comandante do aparelho nem havia indícios de falha nos equipamentos. A esposa do sr. Leildo Cardoso, até o final da tarde de ontem, ainda não havia chegado a Curitiba, por estar com receio de viajar de avião.
Durante todo o dia de ontem, funcionários da “Sadia S/A Transportes Aéreos”, removeram pertences dos viajantes sinistrados, recolhendo pastas e malas. Segundo o sr. Roberto Cajueiro, irmão de um dos sobreviventes, que está acompanhando o desenrolar dos acontecimentos, seu irmão viajava, na ocasião, com cerca de quatrocentos cruzeiros novos que acabara de retirar de um estabelecimento bancário antes de iniciar a viagem com destino a Londrina. Por outro lado, o Corpo de Operações Especiais da Policia Militar do Estado, já encerrou a operação-resgate e seus integrantes tiveram dispensa para descanso.
Fonte da Pesquisa: Diario da Tarde – Arquivo Digital – Biblioteca Nacional Digital Brasil.