Autor: |
José Carraro |
Titulo: |
Diário do Paraná - Edição de 31 de Março de 1967 - Primeiro Caderno - Pg. 2 |
Data da foto: |
31/03/1967 |
Categoria: |
Jardim Botânico Paiquerê |
Sub-Categoria: |
N/A |
Jardim Botânico
Foi ontem assinado, devendo ser publicado hoje, decreto governamental criando um Jardim Botânico no chamado Parque dos Mananciais da Serra, no vizinho município de Piraquara, a vinte e poucos quilômetros de nossa capital. Trata-se de uma antiga reivindicação, inclusive de concretização prevista na Lei nro. 2588, de 12.2.1956, que criou o Instituto de História Natural, anexo à Secretaria de Agricultura do Estado. Entre outras atribuições do referido Instituto, figura a de organizar, manter e desenvolver em Curitiba, ou em suas proximidades, um Jardim Botânico para fins de estudo e exibição ao vivo, dos principais representantes da flora e fauna brasileiras. O antigo I.H.N. passou, em 26 de agosto de 1963, a denominar-se Instituto de Defesa do Patrimonio Natural, com atribuições muito mais vastas que o anterior, mais o fato é que o Jardim continuou a ser apenas uma ideia, a despeito da incansável promoção de sua sempre maior necessidade num Estado que vai dia a dia assistindo à progressiva dilapidação e extinção de seu outrora soberbo patrimônio florestal. Justo é que entre esses abnegados lutadores pela concretização do Jardim Botânico se destaque o nome do médico e antigo deputado estadual, dr. Edwino Tempski, um dos nossos mais conhecidos orquidófilos e velho propugnador da preservação das riquezas naturais do Paraná.
Essa campanha vem contando com o apoio do Lions Club, entidade que hoje comemora seu 50.o aniversário de fundação, o que por si só assegura para o Jardim Botânico ontem criado oficialmente, inestimável cooperação nacional e internacional no empreendimento, inclusive para seu enriquecimento no tocante a variedades de essenciais espécimes vegetais, de praticamente todo o mundo adaptáveis a nosso clima.
A indicação, pelos promotores da ideia, dos Mananciais da Serra para a sede do Jardim, deveu-se a sua situação topográfica, sua geologia, bacia hidrográfica, clima, regime pluviométrico, proximidade da capital e também à necessidade de se criar uma garantia realmente funcional para a preservação dessa reserva florestal, uma das poucas de nosso Estado que ainda não foram totalmente devastadas. A indicação foi plenamente acolhida pelo Governador Paulo Pimentel, sensível à vantagem da região que ostenta mostras características da flora paranaense, a da faixa litorânea e a do planalto de Curitiba e tem a fácil comunicação com nossos centros de pesquisas cientificas e órgãos da administração estadual conclamáveis para a cooperação com o empreendimento.
De fato, devemos saudar o decreto em questão, como valiosíssima e inadiável contribuição para o desenvolvimento de nosso Estado: um ato concreto de salvaguarda de ponderável parcela de nosso patrimônio natural e o estabelecimento de um precioso instrumento para a criação e desenvolvimento de verdadeira consciência florestal em nosso meio, condição indispensável para que continuemos a malbaratar as vastas riquezas de que nos dotou a Natureza.